Com o intuito de dar ainda mais a conhecer o mundo maravilhoso das caminhadas por trilhos e percursos pedestres em plena Natureza, convidei para uma conversa o Eugénio Torres, meu colega de profissão, que é um dos seus mais experientes e apaixonados adeptos.
Este artigo é um excerto quase integral do que foi essa nossa agradável conversa. Aqui se conta alguma história e muitas estórias do trekking e se partilham recomendações e planos de futuras caminhadas. Depois do artigo anterior - https://www.mouramarques.pt/post/caminhadas-trilhos-e-percursos-pedestres-a-sua-espera - esta conversa vai aprofundar um pouco mais a minha (e a nossa) aventura por (e não me canso de adjetivar) este "mundo maravilhoso"!

Marco Moura Marques (MMM): Eugénio, obrigado por teres acedido a conversar comigo sobre este tema que te diz muito.
Eugénio Torres (ET): Obrigado eu.
MMM: Eu gostaria que começássemos exatamente pelas razões por que o trekking, as caminhadas, os trilhos, te dizem muito, e partilhasses comigo - e com quem nos vai ler - quando e como descobriste este mundo.
ET: Olha, Marco, até te pode dar vontade de rir, mas eu ando nas caminhadas desde miúdo. Eu ia para a escola e fazia seis quilómetros para cada lado, percorrendo caminhos, naquela altura. Eu nem imagino um filho meu a fazer uma coisa daquelas.
MMM: Mas fazias isso onde?
ET: Eu sou de Valença do Minho. Existia uma estrada até ao colégio particular onde eu estudava. Mas eu cortava a direito e ia pelo monte por um caminho pelo meio da montanha. Os meus pais sabiam. Este caminho tinha um nome estranho: “o caminho dos defuntos”. Eu vivia numa casa, numa quinta, que ficava no meio do monte. Todos os meus amigos faziam este tipo de percursos, era uma coisa normal. A minha relação com as caminhadas vem daí.
MMM: E o que se seguiu?
ET: Evoluí a partir daí. Eu sempre fiz ciclismo de estrada. Mas entretanto apareceu o BTT e eu aderi. E aí, sim, despertei para outra coisa. Cada vez mais fiz BTT em montanha e mesmo em alta montanha. Fui federado, corri, competi. A partir daí e numa idade, digamos, mais adulta e madura…
MMM: Ainda em Valença do Minho?
ET: Não, já no Porto. Eu vim para o Porto nos meus dezasseis anos. Nos meus dezoito, dezanove, o BTT era rudimentar, não havia equipamentos, corríamos com calças de ganga. E em muitas situações colocávamos pensos higiénicos femininos como proteção dos selins, pois não existiam equipamentos próprios para BTT.
MMM: Ahahah… um objeto verdadeiramente com uma função multiusos.
ET: É verdade. Eram outros tempos, em que nem existiam verdadeiras bicicletas de BTT. Mas depois as coisas começaram a evoluir... Um dia, numa caminhada normal, sem bicicleta, apercebi-me que quando conduzia uma eu nada via dos lugares por onde passava. Porque conduzir uma bicicleta em montanha exige que estejas muito focado com o caminho à tua frente. E a partir daí comecei a fazer as minhas descobertas na montanha. Nessa altura fazia e descobria percursos, sozinho, o que agora não faço. Não havia GPS, o que havia eram cartas de montanha, do exército, as quais eu comprava na Porto Editora, custava-me uma fortuna. Descobria e percorria caminhos, com uma bússola e com estas cartas. E depois convidava os meus amigos e guiava-os em percursos percorridos de bicicleta. Mas primeiro fazia estes percursos a pé.
MMM: Servias de guia aos teus amigos?
ET: Sim, fui guia e fui declarado guia. E, nessa altura, fiz uma série de coisas.
MMM: Então nessa altura ainda não existiam as Pequenas e Grandes Rotas?
ET: Não. Não havia nada disso. Ias para a montanha, por ti, com uma bússola e umas cartas e mais nada. Mas isso deu-me uma experiência e uma bagagem muito grande.
MMM: Então tu descobriste os trilhos e os percursos pedestres a partir da tua experiência com bicicletas. E voltaste a montar ou montas ainda essas bicicletas e percorres esses caminhos de montanha?
ET: Não, eu hoje já não faço BTT, já o deixei há alguns anos. Faço ciclismo de estrada e uma modalidade dentro do ciclismo, já antiga, mas que hoje está muito em moda e que é o ‘gravel’. A diferença entre o BTT e o ‘gravel’ é que o BTT é ‘partir pedra’. Passas por todos os sítios e pisos, desces coisas que não te imaginas a descer, nem a pé. O ‘gravel’ é... ‘gravilha’. Ou seja, andas por montanha, mas não andas a ‘partir pedra’. Em certos sítios não passas, tens que levar a bicicleta às costas. Fazes montanha do tipo ‘corta fogos’ e pouco mais.
MMM: Aquilo que te fascina numa coisa e noutra, ou seja, bicicleta e caminhadas, é semelhante?

ET: Sim. Tudo o que fiz e faço tem um ponto comum: a Natureza.
MMM: Então esse é o teu apelo?
ET: Sim. Natureza. Desporto ligado à Natureza. Para além disso, não sei se sabes, mas eu faço fotografia; ou melhor, fiz fotografia. E há alguns anos fiz caminhadas de fotografia: marcava um ponto de início e ia… demorava uma hora a fazer um quilómetro. E ia registando, fotografando. E então fui descobrindo coisas espetaculares. Eu já percorri muita Europa: já fiz os Picos da Europa, Pirinéus, Alpes… por aí fora. E tenho sonhos sobre outros sítios. Mas temos no nosso Portugal coisas tão boas, tão boas, para descobrir… que ao fim destes anos todos eu ainda continuo a descobrir coisas novas.
MMM: Coisas por descobrir ao pé da porta… Antes de te perguntar algo sobre essas experiências em outros caminhos sem ser aqui ao pé da porta, e porque esta conversa se destina a ser lida por pesoas que estão a iniciar-se no trekking, ou que o desconhecem de todo… O meu caso, por exemplo, eu sou um iniciante, fiz meia dúzia de trilhos, maioritariamente aqui perto (exceto um que fiz no Algarve, porque estava por lá de férias)... Mas dei-me conta de que para avançar mais um pouco neste mundo, embora seja um mundo acessível a toda a gente, a verdade é que devemos conhecer algumas precauções a ter quando nele mergulhamos. Recentemente, na minha newsletter anterior, tentei sensibilizar um pouco as pessoas para este mundo, o qual tem muitas coisas para descobrir. E agora esta minha conversa contigo, um dos "guardiões" deste mundo maravilhoso, atrevo-me a dizer, tem como objetivo partilhar com as pessoas alguma informação para que elas também possam vivenciá-lo. Assim, pergunto-te: o que é que tu recomendarias a quem, como eu, fez apenas alguns percursos e quer conhecer mais, mas também àqueles que ainda não descobriram o trekking, mas simplesmente caminharam em sítios bonitos e que, agora, se dão conta de que existe um mundo fantástico para descobrir?
ET: Eu acho que cada um de nós, em primeiro lugar, deve tentar perceber o que é que quer fazer. Eu antigamente ia sozinho para a montanha, em pura aventura, e isso deu-me uma experiência muito grande. Hoje temos vários tipos de trilhos. Naqueles meus primeiros tempos não havia passadiços, não havia PR’s (Pequenas Rotas), não havia GPS, não havia nada… Hoje em dia podes escolher aquilo que queres fazer. Queres fazer passadiços? Então umas sapatilhas vulgares, uma roupa vulgar, fresca, um recipiente de água… e estás bem. Queres evoluir, subir à montanha, fazer PR’s? Então tens que ter outro tipo de equipamento e treino. E tens de enfrentar uma coisa que eu gosto e que aprendes a gostar: altimetria.
MMM: O que é isso, exatamente?
ET: Altimetria é... subires, subires, subires e parece que o céu nunca mais chega. Lembro-me de fazer subidas e a meio pensava assim: “isto só pára no céu”. Mas atenção que quem não estiver bem de saúde, fisicamente, fazer altimetria é complicado.
[Nota do Autor: “altimetria” (junção de “altitude” com “metria”) é a representação do relevo do terreno, ou seja, a variação de altitude de cada ponto na superfície em estudo. É empregada na geração de curvas de nível, medição de ângulos verticais e obtenção de coordenadas altimétricas.]
MMM: Exigências a nível de respiração… a densidade do ar é diferente… o nível de oxigénio…
ET: Então tu tens que saber o que é que queres, para que é que estás preparado e como podes preparar-te para o que queres fazer. Se queres fazer montanha e trilhos, então, hoje em dia, tens imensos trilhos para fazer. Trilhos lindíssimos, onde não precisas de guia, não precisas de ajuda de quem quer que seja.
MMM: Mas haverá trilhos com dificuldades diferentes?
ET: Claro. Há inclusivamente trilhos com muita dificuldade. Por exemplo, há três anos atrás, fui fazer um trilho a Mont Blanc, na Suíça. Começamos de manhã cedo e terminamos ao final do dia. Fui com mais três pessoas, todos experientes em montanha. Mas apenas dois levavam equipamento de medição. Quando chegamos ao fim, completamente exaustos, houve alguém que perguntou: “fizemos o quê… uns 20 km?”. Olhei para o meu equipamento e disse-lhes: “vocês estão enganados… nós fizemos sete quilómetros”. Ou seja, demoramos oito horas para fazer sete quilómetros. Mas subimos aos três mil e tal metros... Mas, para mim, a maior dificuldade existe a descer e não a subir.
MMM: Porque?
ET: Poderá ter que ver comigo, embora julgo que será algo comum a todos os caminheiros de montanha. A dificuldade e o perigo estão na descida e não na subida. Quando sobres tens tudo à tua frente. Quando desces, a sensação que tens é a de poderes apenas parar uns dez metros à frente, se falhas nalgum movimento. Então, para além dessa dificuldade na subida desses sete quilómetros, tivémos depois a dificuldade da descida. E entre a subida e a descida ainda tivemos algo a que se chama de "ferratas". Trata-se de passar uma montanha agarrado a correntes que já lá estão montadas. Ora isto também tem alguma dificuldade e perigo…
MMM: Nada disto do que estás a contar se confunde com alpinismo, ou sim?

ET: Aquilo de que te estou a falar é alpinismo. O que se faz neste tipo de locais, como o Mont Blanc, é alpinismo. E para fazeres alpinismo, já deverás ter passado por algumas coisas, conhecer outras, enfim, ter tido alguma experiência. Não é imprescindível, podes ir direto… mas convém.
MMM: Já estamos a falar de espetar cavilhas na montanha e fazer passar cordas?
ET: Não propriamente. Mas se calhar já convém levar umas luvas, para não dares cabo das mãos…
MMM: Uma altitude de três mil metros já implica auxiliares de respiração?
ET: Não. Mas deves levar em conta que a tua adaptação aos três mil metros é difícil. De tal forma que a nossa Serra da Estrela, com quase dois mil metros de altitude, faz-me sentir essa altitude se eu lá for fazer alguma atividade. Eu sinto… Sinto a respiração de altitude. Se, por exemplo, subir a serra de carro e, lá em cima, sair do carro para fazer uma qualquer atividade, eu sinto-me como se estivesse a subir ou a acabar de subir escadas. Ou seja, há a necessidade de alguma adaptação.
MMM: Então, por exemplo, para essa caminhada nos Alpes tiveste de viajar para lá alguns dias antes de começar a subir?
ET: Não. Fui para casa de um casal amigo, onde habitualmente fico quando vamos fazer caminhadas juntos. Estivemos por lá durante um dia e partimos no dia seguinte. Subindo e lá em cima, senti um pouco a respiração. Mas todos nós devemos ter consciência de que ao fazermos dez a vinte quilómetros de caminhada, a nossa dificuldade de adaptação às exigências físicas da caminhada também tem muito que ver com a velocidade a que os quiseres fazer. Podes fazer cinco quilómetros numa hora ou podes ir na descontração e fazê-los em hora e meia. Depende do ritmo que queres impor à tua caminhada. Eu sou caminheiro, mas não vou caminhar para fazer tempos. Quando vou para a montanha vou sempre num espírito de fazer vinte quilómetros que seja, com o cuidado de chegar antes do pôr-do-sol, mas não com o objetivo de chegar às três da tarde, por exemplo. Vou descontraído e quando terminar, termino.
MMM: Podes querer desfrutar da paisagem e do encontras, certo?
ET: Sim. Podes querer fotografar a paisagem, os animais, podes querer parar, ver e desfrutar de uma queda de água… Se vais a olhar para o relógio, perdes tudo isto. Eu apenas faço uma caminhada cronometrada por ano.
MMM: Mas existe essa ‘modalidade dentro da modalidade’, ou seja, fazer caminhadas com tempo?
ET: Sim, existe.
MMM: Funciona com base em recordes pessoais ou existe alguma competição?
ET: Com base em recordes pessoais. Vais para lá tentar fazer o teu melhor tempo. Cada um define os seus objetivos. A caminhada cronometrada que eu faço tem uma extensão de trinta e cinco quilómetros. Já comecei às oito e terminei à uma… Já fui para lá e saí de lá de noite... Mas o desafio é teu. És tu que o defines. Mas és controlado ao longo de vários pontos do percurso. E existem pontos que não te deixam passar após determinada hora. Por exemplo, este ano decidi ir com uma colega, a qual não estava na melhor forma física. Aos vinte e poucos quilómetros cortaram-nos a passagem e levaram-nos de carro.
MMM: Voltando agora aos percursos e práticas dos verdadeiros iniciantes em caminhadas… Pegando nas minhas experiências mais frequentes que são na Serra da Freita onde fiz um trilho e dois meios, isto é, fiz uma pequena rota completa – a "Nas Escarpas da Mizarela" - e metade de outras duas – a "O Caminho do Carteiro" e a "Na Senda do Paivô". Estes ‘meios trilhos’ deveu-se a eu não ter completado nem um nem outro, pois misturei as duas rotas e atrapalhei-me um pouco. Estando disponíveis na net todos estes trilhos, podendo todos nós pesquisar, descarregar percursos a partir do Wikiloc e outras fontes, uma vez mais te pergunto: que recomendações para quem nunca fez estes caminhos? Pode ir sozinho ou acompanhado? A que horas deve ir? Em que altura do ano deve ir? Estou a questionar-te quanto a isto, pois aprendi que são questões importantes, embora eu não tenha clareza total em relação a todas as respostas… O que é que podes dizer sobre isto?

ET: Relativamente à Serra da Freita, posso dizer-te que toda a Serra é "técnica", é dura. Toda ela. A não ser que vais ver uma queda de água e dês ali um giro curto e tranquilo. Deves estar seguro do que vais fazer. Nunca deves ir sozinho. Eu já fiz muitos percursos sozinho, mas neste momento já não vou e não aconselho ninguém a ir sozinho. Deves ir sabendo o que vais fazer, levar um mapa, se não utilizas GPS.
MMM: Desculpa interromper… mas quando dizes não ir sozinho não é por uma questão de em determinados obstáculos precisares da ajuda de alguém para os ultrapassar, mas sim por uma questão de poder acontecer algo negativo, em termos físicos, por exemplo, e teres alguém que te pode socorrer?
ET: Exatamente. Em montanha não deves caminhar sozinho. Não tens que ir acompanhado de alguém experiente, se o for ótimo, mas o fundamental é que vá mais alguém contigo. Se algo mau acontecer, é sempre alguém que pode pegar no telemóvel e ligar para o 112, o qual funciona em todos os sítios.
MMM: Deixa-me introduzir aqui algo… Eu quando pesquiso na net e analiso os percursos disponíveis, verifico que eles têm uma classificação do tipo “fácil”, “médio”, “difícil”… E também é indicada a sua extensão em quilómetros… E também a indicação de o percurso ser linear ou circular… Para alguém que nunca fez caminhadas na montanha, apenas tendo caminhado no calçadão junto ao mar, tu podes dizer-lhe que pode pegar no seu parceiro ou parceira, escolher um destes caminhos e fazer cinco, dez quilómetros?
ET: Eu acho que sim, pode fazê-lo. Deixa-me explicar uma coisa: a diferença entre um percurso linear e circular. O percurso linear é aquele que percorres e voltas a percorrê-lo para voltar ao mesmo sítio, enquanto que o percurso circular é aquele que percorres e voltas ao ponto de partida, mas sem percorreres o mesmo percurso. Relativamente à extensão dos percursos pedestres existentes, não me parece que existam percursos abaixo dos cinco quilómetros.
MMM: Então se descrição de uma pequena rota aparecer algo como “percurso linear” e “cinco quilómetros”, significa que para o fazer e voltarmos ao ponto de partida teremos que multiplicar por dois esta extensão?
ET: Sim, serão dez quilómetros. Mas também podes fazer um circular e retornar pelo mesmo percurso. Nos caminhos circulares terás sempre orientação nos dois sentidos. Tudo depende de como te sentes e do que entendes que consegues andar. Eu, em média, não faço mais do que quatro quilómetros por hora. Agora é questão de caminhares e perceberes como te sentes, para ires percebendo e te conhecendo. O ideal é começar cedo e tentar terminar a horas. Se for de Inverno, deverás apontar para terminar o percurso antes das cinco horas. Se for de Verão, esticas-te mais um bocado. Por exemplo, se fores fazer quinze quilómetros, deves contar com quatro a cinco horas. Aliás, estas contas são fundamentais, não deves iniciar a caminhada e entrar pela noite dentro. A não ser que tenhas uma grande experiência e estejas bem equipado. Eu já o fiz.
MMM: E na altura do Verão, digo eu, até à conta da minha experiência, devemos evitar as horas de calor… Ou iniciar a caminhada bem cedo ou fazê-la mais para o final da tarde.
ET: Claro. Eu, a partir de Junho, por aí, termino as caminhadas de montanha. Por causa do calor… e do perigo de incêndios. E depois, em finais de setembro, retomo-as.
MMM: Tenho duas perguntas relacionadas e que todos os iniciantes colocam e que são: “o que é que eu levo calçado?” e “o que é que eu levo na mochila?”.
ET: Em relação a calçado, se estiveres a falar de montanha de 500 mts de altitude para cima, e na Serra da Freita, sem dúvida, eu aconselho a bota.
MMM: A bota tapa o tornozelo?
ET: Sim, aconselho-a por causa das travagens e torções… Mas se fores fazer caminhada de baixa montanha, ao longo de rios, por exemplo, tipo o Caminho de Santiago, eu acho que uma sapatilha de “trail” é ótima. Por exemplo, se fizeres o planalto da Serra da Freita, andando apenas lá por cima, e embora eu aconselhe sempre a bota de montanha, acho que a sapatilha de “trail” não é desadequada. É importante adequar o calçado àquilo que se vai fazer.
MMM: E nem toda a gente se adapta a uma bota, não é? Sente-se ali algum incómodo…
ET: Eu, pela experiência que tenho de bota, digo-te o seguinte: há botas para todos os pés. E se comprares uma bota boa, de média montanha para baixo, é de fácil adaptação. Temos é aqui um outro possível problema: há pessoas que sofrem com aquecimento excessivo dos pés. Eu não sei o que é isso, mas sei que há pessoas que passam mal. Param a meio da montanha, tiram as botas, tiram as meias…
MMM: As meias também são importantes?
ET: Importantíssimas. Principalmente porque o surgimento de bolhas provém da qualidade das meias utilizadas
MMM: As meias deverão ser adequadas às caminhadas?
ET: Deverão ser meias próprias para trekking. Nestas caminhadas existirá sempre fricção nos pés e não é bom, de todo, que as meias não sejam as adequadas.
MMM: Então o que é que as pessoas deverão levar na mochila, para além de umas meias suplentes e algo para as bolhas?…

ET: A minha mochila vais sempre carregada com algumas coisas que, por vezes, faz sorrir quem me acompanha. Eu frequentemente levo uma mochila maior do que as das pessoas que me acompanham. Inclusivamente há quem não leve mochila… e há outras pessoas que acabam por perceber porque é que levo uma mochila tão grande. É que acabo por levar coisas para mim… e para elas. O que levo na mochila depende bastante da altura do ano. Se for uma caminhada de Inverno vais facilmente mais carregado, enquanto que no verão vais mais ligeiro.
MMM: E se estivermos em Setembro ou Outubro?
ET: Nesse período do ano será de levar uma mochila normal de montanha, entre dezasseis e vinte quilos.
MMM: E o que levas lá? Dentro da normalidade… depois no final podes referir o excecional que também transportas.
ET: Tenho um kit das mochilas sempre pronto. Tenho sacas plásticas para tudo, para impermeabilizar tudo. Tenho um saco plástico para um kit de roupa: dois pares de meias e uma t-shirt, num jersey anti-transpirante. Cheguei a incorporar calças neste kit, mas já não as incluo mais. Um outro kit que incluo na mochila e que considero importantíssimo: primeiros socorros. Neste kit incluo algumas coisas básicas, mas há uma que não abdico: a manta térmica. É algo que te custa uns quatro euros e que te pode salvar a vida. É algo que não ocupa espaço. Também incluo sempre um frontal.
MMM: E o que é isso?

ET: É uma luz que colocas e seguras na cabeça com um elástico. Podes perguntar-me ‘mas porque levaria eu um fontal se vou fazer uma caminhada de umas três ou quatro horas e terminarei a mesma bem de dia?’. Pois… mas um dia corre mal e como é que sais da serra? Levo também uma corda, enrolada, com uns cinco metros. Nunca a abri, mas pode dar jeito para amarrar alguma coisa, para tirar alguém de algum sítio mais complicado…
MMM: Olha que estás a falar com alguém que gosta de ter as coisas controladas… Estás a dar-me algumas dicas que já vou colocar em prática.
ET: Acredito. A corda acolhes bem dentro da mochila, não ocupa muito espaço. O frontal também é importante. Eu sei que há telemóveis que também têm luz, mas depois, na hora da verdade, aquilo não funciona ou acaba a bateria e não consegues sair do monte, nem sabes onde estás…
MMM: Esse frontal funciona a pilhas? Como é que ele é carregado?
ET: O meu já vai carregado para a serra. Já é um frontal de uma capacidade acima da média, com uma autonomia de vinte horas. É ligado à corrente elétrica para carregar a bateria incorporada. O meu tem ainda uma peça que se adapta onde podes colocar pilhas, no caso de a bateria ficar descarregada. O frontal já me foi útil, já me safou de algumas situações. Mas isto que já referi é básico. Agora eu não caminho em montanha sem bastões. Ponto. E estes bastões podem ser dois paus. Ajuda-te a subir, ajuda-te a equilibrar as costas. E, importante, também é uma arma de defesa. Se encontras um animal que te ataque, como é que te defendes? Eu utilizo os bastões em todos os sítios. Nunca mais ma esqueço que uma das primeiras montanhas que fiz, na Suíça, não transportei bastões. Recordo-me que os meus colegas me disseram imediatamente: ‘tu não vais sem bastões’. E emprestaram-me uns, todos tortos. E se há dia em que necessitei de bastões, foi aquele. Porque para subires uma montanha, com mochila às costas, vais necessitar de uma ajuda.
MMM: É engraçado que sempre que eu vi caminheiros com bastões, eu nunca percebi a vantagem. E a única possibilidade que eu via de existir essa vantagem consistia no facto de eu os ver com mochilas grandes às costas, e eventualmente os bastões poderem ajudar a equilibrar o corpo na caminhada e nas subidas…

ET: A utilização dos bastões necessita de algum treino, precisas de perceber primeiro como é que funcionas na tua caminhada com aquilo. Ajudam-te a subir, ajudam-te a descer, ajudam-te a atravessar um riacho. Mas também te podem ajudar a cair, pois se não os souberes utilizar, podes tropeçar neles e vais por ali abaixo… Tem de existir algum treino ou experiência para os utilizar, mas são essenciais.
MMM: Na Serra da Freita, por exemplo, também os utilizas?
ET: Sim, ando sempre com eles. Até porque podes passar por um trilho, cuja passagem está impedida, está fechada pelo mato. Então, como é que o vais abrir? Vais meter lá as mãos no meio das silvas? Com os bastões podes bater esse mato e abrir os trilhos impedidos. São essenciais.
MMM: E são resistentes?
ET: Muito. Os meus bastões atuais não são de carbono, daqueles ultra-leves que, inclusivamente, se dobram. São bastões que custaram quinze euros cada um. E já têm quatro anos. Comprei uns nos Picos da Europa, caríssimos, pesados e com molas. Os tempos eram outros. Mas, entretanto, comprei uns para a minha filha, azuis, que me custaram cinco euros cada um. São vendidos como bastões para miúdos, mas eu acho que são os básicos essenciais, não vale a pena gastar mais dinheiro.
MMM: São reguláveis em altura?
ET: São. Os bastões dos miúdos são suficientes para ti, por exemplo.
MMM: E o que é que metes mais na mochila?
ET: Geralmente levo sempre comigo um repelente para mosquitos. Depois disto tudo que já referi, entramos no campo da alimentação. Levo sempre um litro e meio de água.
MMM: Em mais do que um reservatório?
ET: Eu levo sempre um reservatório de litro e meio. Se for de Inverno, levo sempre uma garrafa termos pequena com café. Dá para dois ou três cafés. Ou então, chá. Levo comida, mas eu não vou muito naquelas refeições em que basta juntar água e tens uma refeição. Também não levo peixe ou carne. Mas levo feijão preto, por exemplo.
MMM: Então levas proteína, mas de outra forma.
ET: Exato. Habitualmente levo tomate. Tudo isto dentro daqueles recipientes estanques. Ou então, por vezes, compro no Mercadona e num outro supermercado umas embalagens plásticas, com massa lá dentro. Por um euro e meio compras isto, é ótimo e ficas bem. Levo fruta. Levo algumas coisas doces, frutos secos…
MMM: Já tiveste necessidade de te abastecer de água? Onde? Em riachos?
ET: Já, bastantes vezes. Eu já recorri a riachos… Mas desde há alguns anos, talvez uns dez ou quinze, deixei de me abastecer de água em riachos. Eu tenho um colega que, no Marão, se abasteceu de água num riacho e teve que ser tele-transportado para o hospital, pois entrou em coma. Porque a água estava contaminada. Tu vês um riacho de água fresca, cristalina e achas que não há problema algum em beber da mesma… mas não sabes é que alguns metros acima, um animal selvagem urinou nestas águas… Então o que se passou é que esse meu colega bebeu água ‘envenenada’ dessa forma, o que foi o bastante para ele ficar bastante mal. Então, a partir daí, eu e algumas pessoas do meu círculo, nunca mais nos abastecemos de água dessa forma. E fundamentalmente é isto o que eu coloco na minha mochila.
MMM: Então pegando até nessa estória, algo dramática, que nos contaste, o que é que nos podes adicionalmente contar com essa carga dramática? E estórias engraçadas, claro.

ET: Olha, dramáticas, tenho duas estórias… Eu nunca perdi controlo ou fiquei em demasiado stress em momento algum, mas passei por estórias complicadas. Uma delas decorreu nas Fisgas do Ermelo. Eu calculei mal a hora de término do percurso circular. Por outro lado, ia com uma pessoa que decidiu descer lá abaixo, o que não estava calculado em termos de duração do percurso. Descemos, subimos e também facilitamos na velocidade da caminhada… e acabamos de noite. Embora eu tivesse GPS, a verdade é que ele não me indicava a passagem de um rio. Mas nós efetivamente tínhamos um rio à nossa frente. E o rio estava com um enorme caudal que não nos permintia sequer chegar a meio do leito do rio, sob pena de sermos arrastados por ele. Foi complicado. Por experiência nossa, acabamos por não entrar em stress. Descemos um pouco, mas paramos porque achamos que ali não deveria haver nada, pois a aldeia ficava do outro lado. Já víamos a luz na aldeia. Isto numa noite bem escura. Entretanto, descobrimos uma ponte antiga, passamos e lá chegamos ao fim, mas apenas com a ajuda do GPS. Não havia outra hipótese…
MMM: Havia rede nos telemóveis? Poderiam ter chamado alguém, se não existisse outra solução?
ET: Não sei se havia rede… mas o 112 trabalha sempre. Uma coisa é certa, mas um dia em que fique atrapalhado na montanha e veja que não consigo andar mais, sair dali… não vale a pena entrar em aventuras. Tens que esperar pela luz do dia. Como é que esperas por ela? Tens uma manta térmica para passar a noite.
MMM: Então não levas algum tipo de mini-tenda?
ET: Não, só em travessias, de resto não utilizo.
MMM: Com manta térmica fica-se bem?
ET: Sim, ficas bem. Uma manta térmica está preparada para calor e frio. De um lado protege do frio e do outro protege do calor. Embrulhas-te na manta térmica e passas uma noite tranquila, só que ao relento. Não podes é entrar em desespero, cair de uma ravina, magoares-te… Ficas sem luz, não tens como prosseguires sem risco, então encontras um sítio tranquilo, sacas da manta térmica, deitas-te, cobres-te e esperas pela madrugada. A outra estória foi mais complicada… Fomos fazer os trinta e cinco quilómetros do Freita Trekking, em plena pandemia. Avisaram-nos que não iríamos ter assistência. Cada um prosseguiria orientando-se por GPS. Correu tudo muito bem até meio. Nunca deveríamos ter ido, porque foi em outubro e já sabíamos que iríamos chegar fora de horas, à noite… mas aventuramo-nos. A meio surgiu uma tempestade: chuva, granizo, frio… Correu muito, muito mal. A chuva era de balde… Já não havia nada seco. Não sei porquê, o meu GPS bloqueou, foi a primeira vez que me aconteceu. Tinah de o abrir, fechar novamente para o reiniciar… e isto foi assim sempre até ao fim. Ficamos sem controle. Mas entretanto, estávamos numa aldeia e aí foi o ‘fim do mundo’: a chuva era tanta, tanta, tanta… O GPS, por vezes, engana-nos numa coisa que, se for de noite, é preciso ter muito cuidado: quando temos dois caminhos ou dois trilhos desnivelados, e que correm em paralelo ou se cruzam… por vezes não sabes se estás num ou noutro. E nós, percebemos depois, num determinado momento e local, estávamos cinco metros abaixo do trilho em que deveríamos estar. Aquilo onde estávamos era um canal de água, de tal forma que eu pensei: “como é que alguém mete aqui um trilho?”. Mas acabamos por segui-lo por ali fora. E isto aconteceu quando já eram umas dez horas da noite, corríamos o risco de ficar sem luz e, julgo eu, nem manta térmica nos safava daquilo.
MMM: Mas não estava uma aldeia ali perto?
ET: Não, não, estavamos longe. A determinada altura, agarrados a tubos de água e a árvores, acabamos por entrar no caminho. E depois foi segui-lo… e acabamos a caminhada à meia noite.
MMM: Mas tudo isso deu-vos ali alguma angústia?
ET: Sim, deu-nos alguma preocupação. Não é aquela do tipo “vou morrer!”, mas devido às condições atmosféricas e ao que se estava a passar, estava complicado. Não tínhamos nada seco, nada, nada…
MMM: Nesses momentos assim mais stressantes, sentes que o teu corpo fica mais alerta?
ET: Sim, sem dúvida. A adrenalina dispara.
MMM: Será perder o controlo?
ET: A pior coisa que pode acontecer… Bem, eu já tive. No ano passado tive uma peripécia desse género. Fomos fazer as “amendoeiras em flor”, onde eu vou todos os anos.
MMM: Em fevereiro?
ET: Em janeiro… fevereiro. Saímos numa estação do Douro. Dali ao trilho tínhamos de passar por uma série de situações. De tal forma que quando chegamos ao trilho já íamos fora de horas. Fizemos o percurso todo e depois tivemos de fazer o percurso até ao comboio. E duas colegas já estavam a entrar em paranoia. Acabamos por perder o comboio e apanhamos o outro a seguir, já de noite. Mas elas passaram mal porque entraram em stress. O pessoal quando viaja comigo já sabe que, por muito que lhes custe, chega sempre ao fim.
MMM: Tu fazes mais caminhadas sendo tu o orientador ou guia desse grupo?
ET: Sim, eu sou quase sempre o guia. Não faço caminhadas pagas. Ou melhor, faço uma: a "Freita Trekking". Faço-o com um grupo de amigos, é um grupo a quem eu devo alguma coisa, gosto de caminhar com aquela gente.
MMM: E é pago porque tem uma organização por detrás?
ET: Sim, é pago por essa organização. São trinta e cinco quilómetros. Fazem-te assistência e controle. E não ficas a perder porque te dão uma t-shirt anti-transpirante que custará uns quinze euros e que aqui custa doze. Dão-te mais o almoço, água, etc. Fica pago, completamente pago. Agora aquelas em que se cobram vinte ou vinte e cinco euros, não. Nem caminho com cento e tal pessoas… Eu faço as minhas caminhadas, tenho mais ou menos certas as pessoas que caminham comigo e que eu conheço… e é assim, nessa base.
MMM: Então, para terminarmos... e embora esta temática se vá prolongar pelos próximos meses, tenho a certeza, pelo menos é o meu interesse e a minha vontade… Então para terminarmos este artigo, pergunto-te: quais são os teus planos para as próxima semanas e meses? O que é que tens em vista?

ET: Este ano, por várias razões, falhei muitas coisas que tinha programado no início do ano. Eu, habitualmente, faço dois “Santiagos” por ano, no mínimo. Este ano fiz um.
MMM: Diferentes caminhos?
ET: Sim, eu tento sempre misturar e fazer um novo ou fazer um que já não fazia há muitos anos. Tento sempre fazer algo diferente. Este ano fiz um, foi ótimo, nunca o tinha feito. Foi aquele caminho que vai de barco… foi brutal… mas agora não me recordo do nome.
MMM: É um caminho português?
ET: Sim, vais pela Vila Nova de Arousa até Padrón. Como tinha poucos dias, fiz o Caminho de Santiago a partir de Pontevedra e fiz Arousa, fiz a viagem de barco… não me passava pela cabeça, mas foi muitíssimo boa, em termos históricos, em termos de tudo. O barco só faz a travessia uma vez por dia, porque a maré vaza e passa-se a pé. Ou seja, se não passares naquela hora… não passas. Foi brutal! E depois fiz Padrón a Santiago. Muito bom, mesmo muito bom.
MMM: E ainda contas fazer mais um caminho de Santiago antes de terminar o ano?
ET: Queria ver se sim. E tenho mais algumas coisas em mente. Uma delas é “o nariz do Mundo”. Não queria atrasar muito esta caminhada, pois o Marão tem uma altimetria elevada. Se eu deixar que isto vá para aqueles dias de dezembro, em que os dias são mais curtos, é complicado… Se tal acontecer, se calhar, o melhor é nem fazer. E tenho ainda algumas coisas na Freita… mas em relação à Freita eu não planeio com muita antecedência, pois é mais do tipo “para a semana vou para a Freita”.
MMM: Já vi que é o teu local de eleição, o teu refúgio…
ET: É. E este ano ainda quero ir à Senhora do Minho.
MMM: Que fica em…
ET: Ponte de Lima, conheces? De lá, se olhares para noroeste, vês uma serra, lá em cima. E fazes a serra desde cá de baixo até lá em cima.
MMM: É um percurso difícil, moderado?…como o classificas?
ET: É de dificuldade média. Fazes bem. Sei dizer-te o que é difícil, mas entre fácil e médio, por vezes não sei distinguir bem.
MMM: Esse caminho depois como é que desces? Fazes o mesmo caminho de volta?
ET: O "Senhora do Minho" é um caminho circular. Subo por um caminho com mais de cinquenta anos e desço por uma GR (Grande Rota) que é um antigo caminho romano.
MMM: Fantástico!
ET: Tanto a subida como a descida são brutais. E depois lá em cima tens duas coisas: tens uma vista a sudeste, em que vês Ponte de Lima e toda aquela zona. E se te virares para trás, vês o mar. Vês Vila Praia de Âncora, vês Moledo, nem imaginas tudo o que vês…
MMM: “Senhora do Minho”? Nunca ouvi falar…
ET: Não é um trilho marcado.
MMM: Mas tu disseste que fazias uma GR…

ET: Isso é porque depois apanho e desço por uma GR. Eu tenho este hábito: faço muitos percursos, mas muitas vezes não os faço completos. Entre por um e a meio faço a ligação com outro, por onde saio. Eu tenho um percurso que não vou fazer este ano, pelo menos acho que já não vou… Eu gosto de fazer travessias e GR’s. E então tenho um percurso que era para fazer este ano que é “o Caminho dos Pescadores”, na Costa Vicentina. É um percurso com mais de duzentos quilómetros.
MMM: Incluí algo sobre esse caminho num artigo que escrevi para o meu blog.
ET: Eu fiz o “Caminho dos Pescadores” há cerca de quinze anos. Ainda não tinha este nome… era “o caminho”. E, mais recentemente, há dois anos atrás, fi-lo em duas partes. E, quanto a mim, é dos trilhos mais bonitos de Portugal. Se gostares de mar…
MMM: Adoro, adoro… E, como o nome indica, é formado por vários caminhos que vão sempre dar à costa?
ET: Sim, sempre pela costa. Bem, tirando um trilho ou outro em que ele mete mais para o interior, ali na zona de Vila do Bispo. Até porque sendo a costa tão recortada, se fosses fazer estes trilhos acompanhando sempre, sempre, a costa, como eu já fiz… esquece, nunca mais sairias de lá. Chama-se “Trilho ou Caminho dos Pescadores”. Porquê?... Porque ao longo do mesmo vais encontrar imensos pequenos trilhos que os pescadores faziam ou fazem para ir de casa aos seus barcos. Existem montes de sítios que são os chamados “pesqueiros”. Mas para além disso, a paisagem natural que tu vês… deixa-te sem palavras.
MMM: Imagino que sim... Eugénio, vou aproveitar essa última ‘imagem’ que partilhas connosco, para dar por encerrada esta primeira conversa contigo, seguramente a primeira de muitas, sobre uma temática que te diz tanto e sobre a qual tanto tens para me e nos dizer. Agradeço-te a partilha e espero que a nossa primeira caminhada juntos esteja para bem breve!
ET: Sim, estará seguramente. Eu é que agradeço a oportunidade que me dás de partilhar esta minha paixão contigo e com os teus leitores. E estou ao dispor, para o que necessitares e sempre que o necessitares, quando o tema seja caminhadas, trilhos, percursos em plena Natureza.

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Que delícia de entrevista! Obrigada a ambos pela partilha. Dá uma vontade gigante de fazer umas caminhadas! 😊